“Muita gente duvidava dos superpoderes de Chico Xavier. O coro dos desconfiados seria engrossado até pelo oftalmologista do vidente, o doutor Nadir Sáfadi, de São Paulo. Em uma das consultas, enquanto examinava a catarata e a miopia do paciente, ele não resistiu e perguntou:
– Você vê mesmo os espíritos?
Chico deu a resposta de sempre e recebeu de volta outra dúvida:
– Mas como você enxerga os espíritos com olhos tão debilitados?
O doente recorreu a um discurso kardecista:
– A mediunidade vidente independe dos olhos do corpo físico. O assunto exige muito estudo.
– Você está vendo algum espírito aqui no consultório?
Chico Xavier respondeu com um “sim” desconcertante e lacônico. O silêncio foi quebrado pela ansiedade do médico:
– Quem está aqui? Como ele se chama?
O paciente engoliu em seco. Sentiu medo de dizer nome tão inusitado. Podia estar sendo vítima de alguma chacota espiritual.
Diante da insistência do médico, ele tomou coragem e revelou:
– Ele está me dizendo chamar-se Cenobelino Serra. Diz ter sido natural de São José do Rio Preto.
O doutor Safadi ficou pasmo.
– O doutor Cenobelino foi meu professor, foi muito amigo meu.
Chico Xavier respirou aliviado e foi adiante:
– O doutor Cenobelino está me dizendo ter sido designado pela Espiritualidade Maior para ajudar o senhor na profissão de médico oftalmologista. Juntamente com outros amigos, porque o senhor ajuda muita gente aqui no consultório”. (Trecho retirado do livro “As Vidas de Chico Xavier – Biografia Definitiva”, de Marcel Souto Maior).
Em tempo: de acordo com artigo na Wikipédia, Cenobelino de Barros Serra nasceu em Belém do Descalvado, atual Descalvado, em 1º de abril de 1890, e se mudou para São José do Rio Preto em 1919, onde desencarnou em 14 de dezembro de 1953, aos 63 anos.
Após a Primeira Grande Guerra, o médico se estabeleceu em Rio Preto a convite de seu cunhado, o farmacêutico Pedro Dória Sobrinho. No ano seguinte, em 1920, realizou importante intervenção craniana na cidade, a primeira craniotomia do Brasil, cujos resultados foram publicados em importante revista médica. Conquistou prestígio, renome e vasta clientela. De 1921 a 1925, lutou pela fundação da Santa Casa de Misericórdia de Rio Preto, onde foi agraciado com o título de Fundador Benemérito. Em 1926, ajudou a fundar a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Rio Preto, fazendo parte da primeira diretoria ocupando o cargo de vice-presidente.
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