Com um delay de dois meses, vi “Soy Georgina” só agora, quando as águas de março fecham o verão. Queria “desver”, mas não é possível.
De acordo com informações preliminares disponíveis na Netflix, a tal série/reality tem a missão de revelar ao telespectador mundial quem é Georgina Rodriguez – a modelo argentina/espanhola que conquistou o coração do craque Cristiano Ronaldo.
Muito que bem, “Soy Georgina” me constrangeu do início ao fim. Sobretudo depois de constatar, ao final de cada episódio, que a modelo é a PRÓPRIA diretora de conteúdo de seu PRÓPRIO reality [pausa para bocejos].
Mas vamos supor que Georgina não tivesse escolhido nada e todo o conteúdo mostrado fosse apenas mais um amontoado de fragmentos de sua vida – um autêntico conto de fadas, sem dúvida nenhuma. Afinal, a modelo conquistou o coração do jogador mais rico e seguido do mundo.
Imagina você, da noite para o dia, deixar de ser “vendedora de bolsas para se tornar colecionadora delas?” Em tempo: essa é a frase que a equipe de marketing escolheu para resumir o reality e lançá-lo globalmente. E é a partir desse “estrato social” que Georgina começa a contar suas histórias e a envolver o telespectador em sua narrativa de altíssimo luxo.
Daí em diante, o público é conduzido a uma imersão na rotina da modelo e influenciadora, cuja agenda é dividida basicamente em três compromissos diários: levar as crianças ao colégio, decidir se a porcelana do almoço será #Hermès ou #Gucci e visitar lojas, joalherias e ateliês famosos.
Em uma dessas visitas, a modelo vai a Paris escolher vestidos de Jean Paul Gaultier para usar no red carpet do Festival de Cannes. O compromisso, perceberá o telespectador, é o principal dilema que aflige Georgina durante todo o reality.
As outras aflições, para não cansar o leitor, giram em torno de encontrar o diamante perfeito para customizar suas joias e lustrar os fechos de suas dezenas de bolsas grifadas. Ah sim, nota-se ainda que Georgina também é bastante cuidadosa na escolha dos amigos que a acompanham em suas férias de verão à Riviera Francesa, Ilhas Baleares, Mônaco and others hotspots…
O mesmo cuidado é mantido na hora de selecionar quem estará com ela dentro do jatinho a caminho das corridas de Fórmula 1 e aos jogos de Cristiano Ronaldo na #Eurocopa. No mais, ela também tenta nos convencer de que faz faxina nas mansões gigantescas que habita durante os contratos que CR7 assina pelo mundo.
Mas o puro creme do chantilly lacrimal, Georgina deixa para os dois episódios finais: sua volta triunfal à Jaca, cidade espanhola onde adolesceu e só frequentava as missas por se sentir rejeitada, e seu lado ‘Evita Perón’, permeado por visitas a crianças que ela ampara socialmente.
A Georgina real que fica de tudo isso só o telespectador poderá dizer se é real ou fake. Eu, como confesso no início do post, fiquei constrangido.
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