O nome do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, permanece desde o fim de semana em destaque lá no “subaco do tinhoso”, o Twitter. Antes que você tenha um ataque de bocejos, a gente resume: na última sexta (18), Patrícia Lélis, jornalista brasileira residente nos Estados Unidos, gravou Moro circulando pelas ruas de Washington D.C, capital do país.
“Aqui está andando no meio da rua o homem que destruiu o Brasil, gente”, diz a jornalista no vídeo, acrescentando no final: “Lula livre, viu, gente?”. Moro, por sua vez, responde visivelmente irritado e constrangido: “Ô mocinha, pode parar”.
É isso que a gente faz quando encontra o bandido Sérgio Moro em Georgetown-DC. pic.twitter.com/X9lhz5KZPE
— Patrícia Lélis ?? (@lelispatricia) June 19, 2021
Após o episódio, o nome do ex-juiz voltou a cintilar na ‘boca de matilde’ por conta de um “desconvite”. Sergio Moro estava escalado pelo Conpedi (Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito) para fazer uma palestra sobre ética, mas após protestos de juristas, pesquisadores e participantes do evento, a entidade resolveu desconvidá-lo.
“É um desrespeito a todos os pesquisadores em Direito do Brasil a realização da mesa que o Conpedi está anunciando para o seu III Encontro Virtual, intitulada “O papel do setor privado em políticas anticorrupção e de integridade”, coordenada por ninguém menos do que o Sr. Sérgio Moro, que desacreditou os esforços do sistema de justiça no combate à corrupção, a partir de uma atuação reconhecidamente parcial”, escreveu Ricardo Lodi, reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Abaixo, a íntegra do manifesto:
“Nós, juristas, professores e professoras de programas de pós graduação em direito do Brasil, de Universidades públicas, confessionais, comunitárias e privadas, vimos a público repudiar a decisão do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Direito, o CONPEDI, de convidar o Sr. Sérgio Moro, ex-juiz, ex-professor e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro para coordenar e participar de um painel no seu Congresso Nacional.
Ainda que, felizmente, o convite tenha sido cancelado, em virtude da grande contrariedade gerada no meio acadêmico, necessitamos dizer, em alto e bom som, que consideramos um desrespeito a toda a comunidade jurídica do país e às suas instituições a possível presença daquele que foi declarado pelo Supremo Tribunal Federal como suspeito e parcial nos processos que dirigiu, em especial violando a Constituição e as mais básicas regras do Processo Penal brasileiro para alcançar interesses pessoais e políticos.
Se não bastassem tais ações, o comportamento do então juiz gerou incontáveis prejuízos materiais, financeiros e simbólicos ao país. Sua atuação alterou, inclusive, o processo eleitoral, ao condenar sem provas o candidato à Presidência da República que estava liderando francamente as pesquisas eleitorais, permitindo a vitória daquele que o alçaria ao status de Ministro de Estado apenas meses depois.
Também repudiamos o fato de que entre os patrocinadores da mesa que Sergio Moro iria coordenar, estivesse a APSEN, a maior produtora de Cloroquina no Brasil, que vem lucrando com a venda indiscriminada do medicamento em face da propaganda falsa, gerada por diversas entidades, inclusive pela própria presidência da República, de que ele combate a COVID-19, fato que contribuiu exponencialmente para o trágico número de 500.000 mortos da doença no país, pois serviu de pretexto para a desobediência do protocolo sanitário recomendado pela ciência para enfrentar a pandemia.
Entendemos que uma instituição como o CONPEDI, que há anos vem reunindo em seus encontros e publicações, integrantes dos melhores programas de pós graduação em direito do Brasil, que verdadeiramente contribuiu para incontáveis avanços na agenda da pesquisa em Direito, sempre comprometida com a defesa dos valores democráticos, dos direitos humanos e do Estado de Direito, não poderia mesmo compactuar com a presença de Sergio Moro, de produção científica praticamente inexistente e irrelevante, como coordenador e palestrante em um dos seus eventos, ainda mais com o patrocínio já referido”.
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