Não sei quanto a vocês, mas ainda não consegui digerir o pronunciamento do secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, divulgado em vídeo nesta quinta (16). Falta-me estômago. Ou alguns antiácidos mais potentes, não sei…
Para você que acaba de acordar do berço esplêndido, o sujeito supracitado copiou frases de um discurso do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, para formular sua fala em rede nacional de televisão. O vídeo em si, já apagado da conta oficial da Secretaria Especial da Cultura no Twitter, foi divulgado para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, projeto no valor total de mais de R$ 20 milhões.
Plus: para “ilustrar” ainda mais o pronunciamento, Alvim usou como background (fundo musical) a ópera “Lohengrin”, de Richard Wagner, compositor alemão também muito celebrado pelo nazismo.
O vídeo e as referências ao conjunto de uma das obras mais terríveis da história da humanidade incomodaram muita gente, mas, acredite, também despertou apoio à atitude do “secretário especial” do governo Jair Bolsonaro. Pausa para mais um antiácido potente.
Em entrevista a meios de comunicação na manhã desta sexta (17), Alvim negou conhecimento da frase de Goebbels, mas disse que concorda com ela. O discurso, vejam só, teria sido escrito em um “brainstorming” – reunião também chamada de “tempestade de ideias”, na qual os participantes devem ter liberdade de expor suas sugestões e debater sobre as contribuições dos colegas.
Durante a elaboração deste post, na tarde desta sexta, o presidente Jair Bolsonaro comunicou oficialmente o desligamento de Roberto Alvim da pasta. Abaixo, a reprodução do tweet.
– Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 17, 2020
Arrependido ou não, envergonhado ou não, o fato é que o pronunciamento do agora ex-secretário não eliminará a infeliz ideia em si, além daquela sensação que ficou grudada em nós de que ainda convivemos com seres completamente favoráveis ao desmoronamento moral e social. Seguimos com nossos antiácidos potentes…
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