Otavio Frias Filho: Diretor de redação da ‘Folha de S.Paulo’ morreu nesta terça, vítima de câncer no pâncreas. (Foto: Divulgação)
Em ON: OFF fez história no jornalismo – por Edmilson Zanetti*
“Sempre achei o máximo alguém de jornalismo ter nas iniciais do nome uma expressão do dia a dia da profissão. Soube da morte de OFF (Otavio Frias Filho) às 4h33, pouco mais de 1 hora depois, quando acordo todos os dias para correr.
Não acompanhei sua saga contra o câncer. Li dezenas de coleguinhas escreverem a respeito em suas páginas. Não ia dizer nada. Talvez não devesse. Afinal, nenhuma convivência relevante, a não ser os cinco andares que nos separavam no prédio de pastilhas da Barão de Limeira 900.
Meia dúzia de vezes me cumprimentou com solene bom dia ou boa tarde, no elevador ou na redação da Folha de S.Paulo. Numa das vezes em que eu estava para sair do jornal, aliás, desta vez da Agência Folha, minha então editora disse: “Ele gosta do seu trabalho”.
Foi uma surpresa. Nem sabia que ele sabia que eu existia, tamanha a distância de nossos papeis. Eu, mero repórter, com foco em conflitos agrários; ele, diretor de Redação do maior e mais importante jornal do país. Em comum, a juventude, ele apenas 5 anos mais velho. Otavio Frias Filho foi responsável pela revolução do jornalismo brasileiro.
Tirou da Folha a imagem de jornal golpista de 1964 para transformá-lo em vanguarda da imprensa nacional. Destaque para a postura na cobertura das Diretas Já, memorável nos textos de Ricardo Kotscho. Sempre respeitei a figura de Otavinho. Séria, serena, formal. O olhar fulminante do poder. A aparente e inequívoca timidez. O trajar sempre elegante… Admirava mais ainda seus textos, seus ensaios. Como escreveu o colega Carlos Eduardo Alves, repórter dos bons no mesmo período, era talvez o único dono de jornal que escrevia bem”.
- Edmilson Zanetti é jornalista. Foi repórter da Folha de S. Paulo e editor-chefe do BOM DIA Rio Preto. Hoje, maratonista caipira, nos brinda com posts diários sobre atualidades e a vida serena no campo. Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos em 1988, Zanetti tem todo o nosso respeito e admiração. Assim como OFF e outros cavalheiros do Jornalismo moderno.
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